O gelo provoca uma vaso constrição, diminuindo
inchaço (edema), o metabolismo local e o impulso nervoso (que coordena a
contração muscular e a sensibilidade), levando à diminuição da dor. Já o calor
promove a vasodilatação, o que melhora a nutrição e elasticidade dos tecidos
(tendões e músculos), diminui a rigidez articular, relaxa a musculatura e
igualmente reduz a dor.
A inflamação que ocorre logo após a lesão é chamada
de aguda, e dura até 72 horas. Observa-se muita dor, vermelhidão, calor local e
inchaço. Depois disso, a inflamação que persiste é chamada de subaguda, e a
partir de 15 dias, crônica.
Ainda há muitas discussões e controvérsias sobre o
uso do gelo ou calor, mas um consenso é geral: na fase aguda da inflamação
apenas o gelo é indicado. Nesta fase os vasos sanguíneos ainda estão lesados,
perdendo muito líquido no local, daí o inchaço (edema), sendo que o calor só
faz piorar este processo. Já o gelo diminui o extravasamento deste líquido,
promove a recuperação dos vasos sanguíneos, reduz danos celulares e a dor.
Portanto, é a melhor técnica para ser utilizada imediatamente nas contusões
desportivas.
O processo é diferente na fase crônica da
inflamação, quando os vasos sanguíneos já estão recuperados e a dilatação dos
vasos melhora a dor, ajuda a cicatrização e relaxa a musculatura. O que os
especialistas contra indicam é o uso do calor, mesmo na fase crônica da lesão,
imediatamente após a atividade física.
1. Como fazer a Aplicação do Gelo
- Deve ser feito em repouso, de preferência
deitado;
- Sempre que possível aplique o gelo em torno de
toda articulação, fazendo uma pequena compressão – é importante para diminuir o
edema;
- Quando a lesão for aguda, pode-se aplicar
imediatamente após o trauma por um período de até 20 minutos, e repetir esse
processo as vezes necessárias. Entre uma aplicação e outra deve-se respeitar um
intervalo de, no mínimo, 2 horas;
- Em lesões crônicas, compressas de 15 minutos, 3
vezes ao dia, ou após a atividade física;
- Não coloque o gelo diretamente sobre a pele, deve
utilizar uma proteção (um pano por exemplo), mesmo no caso de bolsas de gel;
- O spray de gelo deve ser utilizado a uma
distância de 20 cm, aplicando três jatos seguidos ou de acordo com as
instruções do fabricante;
- Após atividade física, pode mergulhar as pernas
num tanque com água gelada (durante 6 minutos no máximo);
- Não deve fazer a compressa antes de dormir, pois
pode adormecer com o gelo – a queimadura é grave.
2. Em que casos não se pode aplicar gelo?
Nos casos em que haja fratura exposta, infecções ou
perda de sensibilidade no local.
3. Primeiros Socorros para acidentes no desporto:
Em casos de torções, rompimento de ligamentos ou
músculos, o melhor procedimento é o Princípio PRICE:
P (protect the área): proteger o membro,
interromper as atividades com o membro afetado;
R (rest): Relaxar a parte afetada;
IC (ice compression): Aplicação e compressão de
gelo;
E (elevation): Levantar o membro lesionado, acima
da altura do coração, para interromper o fluxo sanguíneo e reduzir o inchaço.
Como aplicar o gelo:
Coloque o saco de gelo por 20 minutos a cada 2
horas. Coloque algo que proteja a pele para evitar o congelamento da mesma.
4. Gelo
durante a Corrida?
Alguns especialistas condenam totalmente a
aplicação de gelo durante a prática desportiva. Em caso de câimbra afirmam que
a melhor alternativa é alongar e massagear bem o local até que a câimbra passe.
O gelo terá pouca utilidade para a resolução de câimbras porque é pouco eficaz
no mecanismo responsável por estas contrações involuntárias.
No entanto há especialistas que defendem e praticam
a aplicação do gelo nesses casos e relatam excelentes resultados. Usar gelo em
abundância no local diminui os estímulos de certas fibras existentes no músculo
e consequentemente o reflexo das câimbras, além de melhorar a dor. Mas esta
técnica deve ser acompanhada por um profissional, para se ter a certeza de que
não houve nenhuma lesão grave, pois o corredor volta à prática desportiva com o
local «anestesiado» pela ação do gelo, aumentando o risco e diminuindo a
percepção de possíveis lesões.
5. Gelo na Dor Muscular após a Corrida
A dor muscular tardia (dor após o exercício físico)
é causada pela reorganização muscular, ou seja, o processo de cicatrização após
microlesões das fibras musculares (células do músculo) causadas pelo esforço
físico. Essas microlesões também ocorrem nas atividades do dia-a-dia, mas em
proporções muito menores e por isso não causam dor.
Há quem defenda que esta dor muscular responde
muito bem com a terapia de calor, mas outros condenam, dizendo que, ao aplicar
calor após a atividade física, o processo inflamatório, causado pelas
microlesões musculares, aumenta. A dor poderia até melhorar no momento, mas o
quadro pode piorar posteriormente. Portanto, mesmo que depois da prova o
cansaço peça um bom banho quente, espere o corpo esfriar e opte por um banho
frio.
Hoje em dia, uma técnica utilizada por alguns
maratonistas profissionais (como, por exemplo, Paula Radcliffe) é o banho de
imersão, após a corrida; o atleta entra até o nível da cintura num tanque com
água e gelo. O banho de imersão recupera as microlesões musculares com muita
rapidez, portanto, além de diminuir as dores, o corredor retoma o ritmo com
mais facilidade, tem maior disposição para treinar no dia seguinte ou para a
próxima prova.
Esse processo deve ser feito por 4 a 6 minutos, uma
vez que a área de aplicação do frio é muito grande e há o risco de falta de
circulação sanguínea local. Por isso, mesmo que a imersão não tenha atingido
ainda 4 minutos, se o atleta achar que a dor é intensa ou não aguente mais,
deve interromper imediatamente o processo.
Alguns especialistas condenam o banho de imersão,
alegando que não há nenhuma evidência científica que comprove a eficácia deste
procedimento. Afirmam que a reorganização muscular é necessária para a
adaptação ao condicionamento físico e para o desenvolvimento da resistência e
da força muscular; portanto, interromper este processo com o uso do gelo não
seria adequado.
6. Gelo na prevenção de lesões
Pelo mesmo motivo da indicação para a dor muscular
tardia, acredita-se que compressas de gelo ou banho de imersão praticado com
frequência após a prática desportiva previnem lesões musculares causadas por
intensa atividade. A rápida recuperação das microlesões prepara a musculatura,
ligamentos e tendões para esforços posteriores.
Esta técnica também é indicada caso o corredor
tenha uma lesão muscular, tendínea, articular ou uma cirurgia antiga, mesmo que
não doa durante ou após a corrida. Ter o hábito de fazer compressas de gelo no
local após a atividade desportiva pode evitar que a lesão volte a inflamar.
O gelo, se aplicado de forma breve (passar
rapidamente sobre a pele) estimula a contração muscular. Mas, após alguns
minutos de aplicação, causa uma diminuição do impulso nervoso, da sensibilidade
(anestesia) e da circulação sanguínea local. Portanto, diminui as contrações
musculares, sendo muito usado até para facilitar o alongamento ou diminuir a
contratura muscular. Por isso, para alcançar o efeito anti-inflamatório,
analgésico e relaxamento muscular, a compressa deve ser feita de 10 minutos a
15 minutos, no máximo.
7. Calor e Calor Úmido
O calor é uma modalidade terapêutica muito usada na
fisioterapia, utilizado sempre em lesões crônicas. Melhora a elasticidade dos
tecidos, permitindo melhor movimentação da articulação, principalmente em casos
de rigidez pós-operatória.
Os recursos fisioterapêuticos permitem aplicação do
calor profundo, atingindo tendões, músculos e articulações sem o risco de lesar
a pele. Os mais comuns são ultrassom e ondas-curtas.
Em casa, o calor também pode ser usado com
segurança. Caso utilize bolsas quentes, cuidado para não aplicar em regiões
anestesiadas, feridas com sangramento, áreas com tumores, sobre os testículos e
sobre o abdômen de gestantes. A temperatura deve ser suportável, a aplicação
pode ser feita de 15 a 20 minutos, diariamente.
A limitação do uso do calor é que atinge apenas
camadas superficiais do tecido. O aumento da temperatura é quase que restrito à
pele e regiões mais superficiais. Dificilmente atinge tendões e músculos mais
profundos.
O calor úmido vem sendo muito estudado porque
consegue atingir camadas mais profundas, uma grande vantagem sobre o calor
seco. Este método pode ser aplicado por compressas de toalhas úmidas e
quentes. Troque a toalha à medida que for esfriando e faça a compressa por 20
minutos. A fisioterapia usa a parafina ou o infravermelho com uma toalha
molhada para a aplicação de calor úmido.
Corredores que sofrem de dores ou lesões crônicas
podem utilizar o calor antes da atividade desportiva para aumentar a
elasticidade dos tecidos, diminuir a rigidez das articulações, aumentar a
circulação sanguínea local, auxiliar no relaxamento e alongamento muscular. Não
se deve aplicar calor após o exercício físico.
8. Utilizando Gelo e Calor
O contraste é uma técnica na qual são alternadas
compressas quentes com compressas frias. Essa alternância de vasodilatação e
vaso constrição facilita muito a drenagem do edema. Geralmente, inicia-se pela
aplicação do calor, sendo este seguido pela aplicação da compressa fria, mas se
estiver ainda muito inchado, pode iniciar e terminar com o frio. Esta
modalidade é muito eficaz para extremidades (mãos, punhos, tornozelos, pés):
locais mais difíceis de tratamento do edema.
Separe dois baldes ou bacias, numa colocando água
com pedras de gelo e na outra água morna do chuveiro (temperatura suportável
pela pele). Mergulhe a mão (ou pé) no recipiente com água morna e deixe 3
minutos, imediatamente depois mergulhe no recipiente com água fria por 1
minuto, e volte para a água quente. Repita esta operação até somar um total de
30 minutos. Este processo pode ser feito diariamente.
O banho de contraste mostra-se eficaz para o
tratamento de inchaço (edemas localizados), mas é pouco eficiente para evitar e
tratar câimbras e dores musculares.
Escrito por: Miriam Lopes
Fontes:
Evelise Zaidan (Revista
Contra-Relógio, Edição 209, Fevereiro 2011)
Departamento de Medicina
Desportiva do Hospital Adventista de Portland, 2001.
Adaptação: www.aminhacorrida.com
Gostei da matéira, esclareceu várias dúvidas!!!
ResponderExcluirAbs
Fábio
www.42afrente@blogspot.com.br
Fábio obrigado pela visita. Volte sempre OK? Abraços Marildo.
ExcluirMarildo, muito bacana teres compartilhado esse tema. Gosto muito de usar gelo depois do treinos, principalmente depois dos longões.
ResponderExcluirValeu!
abraço e bons km's!!
Helena
Blog Correndo de bem com a vida
@Correndodebem
Helena valeu... olhe como eu estou com uma tendinite braba esse texto tem me ajudado muito. Espero que ajude vc também a não ter a tendinite...risos Um abração Marildo
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