quinta-feira, 14 de junho de 2012

ENCHENDO OS ESTOQUES DE ENERGIA!


Prosseguindo minhas reflexões e procurando adquirir maiores conhecimentos por meio da leitura sobre exercícios e corrida, em razão de meu afastamento temporário dos treinos em virtude de uma Tendinite Calcânea no pé direito, após terminar de ler o livro “Resgatando a Força da Juventude” de Kenneth Cooper e visando agora entender como funciona em nosso organismo os estoques de energia, algo que será de muita importância para a minha participação na Ultramaratona CEFAN nos dias 14 e 15 de julho no Rio de Janeiro, procurei agora no livro “Corrida – Ciência do Treinamento e Desempenho” de Eric Newsholme, Tony Leech e Glenda Duester algo sobre esse assunto. E encontrei! Vejam que interessante!
Leva menos de uma hora para um jumbo receber combustível suficiente para um vôo transatlântico. Uma vez a bordo, o combustível é simplesmente armazenado até o momento em que for necessário, uma vez que o elaborado processamento exigido para transformar óleo bruto em combustível de avião já havia sido realizado numa refinaria de óleo. Assim como o combustível para um avião, os alimentos fornecem aos atletas a energia necessária para o movimento. Mas, ao contrário do combustível do avião, algum refinamento deve ocorrer a bordo do organismo. O processamento do alimento “a bordo” é, como a química envolvida na refinaria de óleo, um processo complicado. Ele começa com a ingestão do alimento em si e visando obter o melhor substrato energético para o desempenho, deve-se escolher cuidadosamente essa alimentação. Uma vez que grande parte de nossos alimentos consiste de substratos energéticos armazenados por outros organismos a estratégia mais simples pode parecer estoca-los sem modificação. Mas isso não é possível, uma vez que apenas pequenas moléculas de substratos energéticos podem ser absorvidas pelos intestinos, sendo enviadas ao sangue. Moléculas de substratos energéticos são grandes e devem ser quebradas em formas mais simples pela digestão, antes de poderem entrar nos tecidos corporais. Sendo assim, o armazenamento de substratos energéticos no corpo envolve o rearranjo de moléculas pequenas para formar moléculas maiores, com as modificações químicas necessárias para adequá-los na melhor forma de estoque para o organismo humano.
O substrato energético perfeito para o armazenamento deve apresentar as seguintes características:
  1. Alto conteúdo de energia química, de modo que muita energia possa ser armazenada a bordo sem aumentar significativamente o peso corporal; 
  2.   Estabilidade química, de modo que não se quebre antes que seja necessário; 
  3.   Poder ser rapidamente mobilizado, para que se torne disponível para o músculo na velocidade exigida por esse; 
  4.  Capacidade de produzir ATP sem a produção de subprodutos tóxicos; 
  5.  Apresentar alto peso molecular ou insolubilidade em água, para evitar complicações osmóticas (isto é, o movimento de água para dentro ou fora da célula, em resposta a mudanças na concentração de materiais dissolvidos nela).
Nenhuma substância isolada consegue suprir de forma eficiente todos esses critérios. A solução, portanto, é armazenar mais de um tipo de substrato e mudar de um para o outro, conforme ditam as circunstâncias. Glicogênio (carboidratos), Triglicerídeos (gordura) e Creatina Fosfato (Fosfagênio) cada um desses três substratos possui seu próprio papel especial na necessidade energética do atleta. O conhecimento sobre os papéis especiais que estas reservas de substrato energético exercem em diferentes eventos esportivos é essencial.
GLICOGÊNIO: Glicose Empacotada – O glicogênio é um carboidrato composto de muitos milhares de unidades de glicose, polimerizadas em uma molécula gigante, ramificada como os galhos de uma árvore. A importância desta estrutura similar a uma árvore é que grandes quantidades de glicose podem ser rapidamente liberadas a partir das terminações de sua ramificação. A maioria da glicose utilizada para a síntese de glicogênio vem do amido (pães, batatas, massa, arroz e cereais). Este amido é digerido nos intestinos, liberando a glicose absorvida na corrente sanguínea. A partir da corrente sanguínea, a glicose é captada pelos tecidos, tais como os músculos e o fígado, onde é armazenada como glicogênio. A glicose por si só não é um substrato ideal. Ainda que esteja presente no sangue, onde ela fornece energia para muitos tecidos, a quantidade real é bastante limitada. Ainda que repouso, juntamente com dieta rica em carboidratos antes do evento, possa elevar os estoques de glicogênio, outros substratos devem ser utilizados para completar a corrida.
TRIGLICÉRIDEOS: Energia concentrada – Os químicos se referem às gorduras (e óleos) como triglicerídeos, pois cada molécula consiste de uma unidade de glicerol e três de ácido graxo. São estes ácidos graxos que contêm a maioria da energia química. Os triglicerídeos armazenados no corpo contém uma mistura de ácidos graxos saturados e insaturados e um conteúdo energético de, aproximadamente, 35Kj/g – mais de duas vezes a energia do glicogênio. Além disso, os triglicerídeos estão armazenados a “seco”, de modo que são, de longe, a forma mais eficiente de substrato energético. O problema é que os substratos a base de gordura não podem ser utilizados pelos músculos de maneira rápida o suficiente para sustentar a elevada produção de potência necessária para manter o ritmo normal da maratona (80 a 85% do VOmáx). A razão para o uso lento da gordura é que este substrato não é solúvel em água. Assim, para que possam ser transportados no sangue, eles devem ser combinados com proteínas – uma associação que, provavelmente, reduz a velocidade de sua captação pelo músculo.
 Assim, o atleta tem dois tanques de substrato energético: um pequeno, nos músculos, que contém glicogênio e pode gerar ATP rapidamente, e um muito maior, contendo gordura, que pode ser consumida gradativamente, mas que fornece ATP numa taxa correspondente à apenas à metade do número máximo de carboidratos. Ainda que ambos os “tanques” de substrato energético possam ser cheios a partir de alimentos contendo carboidratos, o “tanque” de carboidratos não pode ser enchido a partir da gordura dos alimentos, uma vez que o corpo humano não tem meios de converter a gordura em carboidratos.
CREATINA FOSFATO: O auxílio a curto prazo – A forma fosforilada de creatina fornece o meio para gerar pequenas quantidades de ATP de modo extremamente rápido, auxiliando assim atividades de curta duração. A descoberta de que a depleção de creatina fosfato causava fadiga nos velocistas, levou à possibilidade de que, elevando a concentração de creatina no músculo, eleva-se a concentração de creatina fosfato e leva-se a um aumento no desempenho de Sprint. A creatina é tanto feita no corpo (a partir dos aminoácidos arginina, glicina e metionina) como obtido na dieta.
O assunto parece bastante difícil, e é... Principalmente para leigos como eu. Entretanto, vou continuar a leitura para obter maiores conhecimentos em como gerenciar essas fontes de energia, pois com certeza esses detalhes farão a diferença num prova com duração de 24horas.
Abraços
Marildo Nascimento
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