Prosseguindo minhas reflexões e procurando adquirir maiores
conhecimentos por meio da leitura sobre exercícios e corrida, em razão de meu
afastamento temporário dos treinos em virtude de uma Tendinite Calcânea no pé
direito, após terminar de ler o livro “Resgatando a Força da Juventude” de
Kenneth Cooper e visando agora entender como funciona em nosso organismo os
estoques de energia, algo que será de muita importância para a minha participação
na Ultramaratona CEFAN nos dias 14 e 15 de julho no Rio de Janeiro, procurei
agora no livro “Corrida – Ciência do Treinamento e Desempenho” de Eric
Newsholme, Tony Leech e Glenda Duester algo sobre esse assunto. E encontrei!
Vejam que interessante!
Leva menos de uma hora para um jumbo receber combustível suficiente
para um vôo transatlântico. Uma vez a bordo, o combustível é simplesmente
armazenado até o momento em que for necessário, uma vez que o elaborado
processamento exigido para transformar óleo bruto em combustível de avião já
havia sido realizado numa refinaria de óleo. Assim como o combustível para um
avião, os alimentos fornecem aos atletas a energia necessária para o movimento.
Mas, ao contrário do combustível do avião, algum refinamento deve ocorrer a
bordo do organismo. O processamento do alimento “a bordo” é, como a química
envolvida na refinaria de óleo, um processo complicado. Ele começa com a
ingestão do alimento em si e visando obter o melhor substrato energético para o
desempenho, deve-se escolher cuidadosamente essa alimentação. Uma vez que
grande parte de nossos alimentos consiste de substratos energéticos armazenados
por outros organismos a estratégia mais simples pode parecer estoca-los sem
modificação. Mas isso não é possível, uma vez que apenas pequenas moléculas de
substratos energéticos podem ser absorvidas pelos intestinos, sendo enviadas ao
sangue. Moléculas de substratos energéticos são grandes e devem ser quebradas
em formas mais simples pela digestão, antes de poderem entrar nos tecidos
corporais. Sendo assim, o armazenamento de substratos energéticos no corpo
envolve o rearranjo de moléculas pequenas para formar moléculas maiores, com as
modificações químicas necessárias para adequá-los na melhor forma de estoque
para o organismo humano.
O substrato energético perfeito para o armazenamento deve apresentar
as seguintes características:
- Alto conteúdo de energia química, de modo que muita energia possa ser armazenada a bordo sem aumentar significativamente o peso corporal;
- Estabilidade química, de modo que não se quebre antes que seja necessário;
- Poder ser rapidamente mobilizado, para que se torne disponível para o músculo na velocidade exigida por esse;
- Capacidade de produzir ATP sem a produção de subprodutos tóxicos;
- Apresentar alto peso molecular ou insolubilidade em água, para evitar complicações osmóticas (isto é, o movimento de água para dentro ou fora da célula, em resposta a mudanças na concentração de materiais dissolvidos nela).
Nenhuma substância isolada consegue suprir de forma eficiente todos
esses critérios. A solução, portanto, é armazenar mais de um tipo de substrato
e mudar de um para o outro, conforme ditam as circunstâncias. Glicogênio
(carboidratos), Triglicerídeos (gordura) e Creatina Fosfato (Fosfagênio) cada
um desses três substratos possui seu próprio papel especial na necessidade
energética do atleta. O conhecimento sobre os papéis especiais que estas
reservas de substrato energético exercem em diferentes eventos esportivos é
essencial.
GLICOGÊNIO: Glicose Empacotada – O glicogênio é um carboidrato
composto de muitos milhares de unidades de glicose, polimerizadas em uma
molécula gigante, ramificada como os galhos de uma árvore. A importância desta
estrutura similar a uma árvore é que grandes quantidades de glicose podem ser
rapidamente liberadas a partir das terminações de sua ramificação. A maioria da
glicose utilizada para a síntese de glicogênio vem do amido (pães, batatas,
massa, arroz e cereais). Este amido é digerido nos intestinos, liberando a
glicose absorvida na corrente sanguínea. A partir da corrente sanguínea, a
glicose é captada pelos tecidos, tais como os músculos e o fígado, onde é
armazenada como glicogênio. A glicose por si só não é um substrato ideal. Ainda
que esteja presente no sangue, onde ela fornece energia para muitos tecidos, a
quantidade real é bastante limitada. Ainda que repouso, juntamente com dieta
rica em carboidratos antes do evento, possa elevar os estoques de glicogênio,
outros substratos devem ser utilizados para completar a corrida.
TRIGLICÉRIDEOS: Energia concentrada – Os químicos se referem às
gorduras (e óleos) como triglicerídeos, pois cada molécula consiste de uma
unidade de glicerol e três de ácido graxo. São estes ácidos graxos que contêm a
maioria da energia química. Os triglicerídeos armazenados no corpo contém uma
mistura de ácidos graxos saturados e insaturados e um conteúdo energético de,
aproximadamente, 35Kj/g – mais de duas vezes a energia do glicogênio. Além
disso, os triglicerídeos estão armazenados a “seco”, de modo que são, de longe,
a forma mais eficiente de substrato energético. O problema é que os substratos
a base de gordura não podem ser utilizados pelos músculos de maneira rápida o
suficiente para sustentar a elevada produção de potência necessária para manter
o ritmo normal da maratona (80 a 85% do VO₂máx). A razão para o uso lento
da gordura é que este substrato não é solúvel em água. Assim, para que possam
ser transportados no sangue, eles devem ser combinados com proteínas – uma
associação que, provavelmente, reduz a velocidade de sua captação pelo músculo.
Assim, o atleta tem dois
tanques de substrato energético: um pequeno, nos músculos, que contém
glicogênio e pode gerar ATP rapidamente, e um muito maior, contendo gordura,
que pode ser consumida gradativamente, mas que fornece ATP numa taxa
correspondente à apenas à metade do número máximo de carboidratos. Ainda que
ambos os “tanques” de substrato energético possam ser cheios a partir de
alimentos contendo carboidratos, o “tanque” de carboidratos não pode ser
enchido a partir da gordura dos alimentos, uma vez que o corpo humano não tem
meios de converter a gordura em carboidratos.
CREATINA FOSFATO: O auxílio a curto prazo – A forma fosforilada de
creatina fornece o meio para gerar pequenas quantidades de ATP de modo
extremamente rápido, auxiliando assim atividades de curta duração. A descoberta
de que a depleção de creatina fosfato causava fadiga nos velocistas, levou à
possibilidade de que, elevando a concentração de creatina no músculo, eleva-se
a concentração de creatina fosfato e leva-se a um aumento no desempenho de Sprint.
A creatina é tanto feita no corpo (a partir dos aminoácidos arginina, glicina e
metionina) como obtido na dieta.
O assunto parece bastante difícil, e é... Principalmente para leigos
como eu. Entretanto, vou continuar a leitura para obter maiores conhecimentos
em como gerenciar essas fontes de energia, pois com certeza esses detalhes
farão a diferença num prova com duração de 24horas.
Abraços
Marildo Nascimento
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