segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Nova São Silvestre agora tem um cotovelo na Pacaembu

A cada vez que consulto o site da São Silvestre, encontro uma nova surpresa no já surpreendente novo percurso da octogenária prova.
A mais recente é um cotovelo na avenida Pacaembu, pouco depois de ter passado por baixo da General Olímpio da Silveira (a continuação da São João).
Ali o corredor terá de fazer um curva fechadíssima à direita, indo de fato praticamente no sentido contrário ao que vinha; ou seja, vai virar à direita e para trás.
É a rua Mário de Andrade, uma larga artéria de duas pistas, dividida por um canteiro central. Você vai correr ali por cerca de um quarteirão para em seguida fazer o retorno e voltar pelo outro lado para ganhar novamente a Pacaembu e seguir a prova.
Não se trata de um trecho complicado: como é todo praticamente plano, não deve acrescentar dificuldade técnica. O problema é que, por causa da curva fechadíssima, tudo mundo vai ter de reduzir bem o ritmo –que, naquelas alturas, já deve estar bem acelerado, na batida da prova. Mal comparando, o cotovelo vai funcionar como uma chicane dos circuitos de Fórmula 1, se é que entendi direito as transmissões de corrida de carros a que assisti.
Aproveito para comentar com um pouco mais de detalhamento o novo percurso, que, como se sabe, larga da avenida Paulista, em frente ao MASP, e termina na região do Ibirapuera, em frente ao Obelisco (abaixo, mapa atualizado, com o tal cotovelo em destaque).




Minha sugestão é que você aproveite bem o primeiro quilômetro, na Paulista, para se aquecer, sorrir para o público e fazer as brincadeiras de praxe, porque depois o jogo vai ser duro.
Vai cruzar a rua da Consolação e já pegar curvas em penca até entrar na doutor Arnaldo. É bem possível que aí seja uma área de concentração, engarrafamento, mas até que não é de todo ruim, pois impede que você vá com tudo para a primeira curva maldita, saindo da doutor Arnaldo para encarar a descida da Major Natanael.
Ali é uma pirambeira braba. Para noviços e quem não fez treinamento específico de descidas, sugiro reduzir bem ou mesmo caminhar para evitar uma queda e terminar a prova antes do segundo quilômetro. A descida vai íngreme até a boca do Pacaembu e então faz o contorno do estádio, com uma curta subidinha, platô e nova descidas, esta um pouco mais leve. Mas não se entusiasme, porque, quando você já estiver vendo lá embaixo as árvores da avenida Pacaembu, a descida leve vira de novo uma pirambeira, curtíssima, mas traiçoeira.
Se você chegou incólume ao km 3, agora é hora de reunir as forças e começar a entrar no ritmo da prova. Terá pela frente um percurso praticamente plano de cerca de 7 km. O que não significa que vai enfrentar moleza.
Ainda antes de terminar o trecho na Pacaembu vai enfrentar aquele cotovelo a que me referi no início. Mais à frente, depois de ter passado pelo retão da Marquês de São Vicente e entrado na Rudge, terá o viaduto Engenheiro Orlando Murgel. No percurso anterior, era o segundo viaduto e dava um desânimo, uma raiva... Agora, acho que não será tão ruim assim, você estará um pouco mais descansado (isso se não tiver feito erros graves na primeira descidona...).
Aí segue no vai da valsa: Rio Branco, Ipiranga, São João, passa por trás do Teatro Municipal, cruza o viaduto do Chá e pega a subida da Líbero Badaró, curtinha e dolorida até o alívio em frente às vetustas arcadas da Faculdade de Direito do largo São Francisco.
Agora vem o trecho mais conhecido e temido da São Silvestre, a subida da Brigadeiro. Se você ainda não experimentou esse momento, vá com calmas, saboreando metro a metro e vai ver que o diabo não é tão feio como o pintam. A subida é em várias etapas, há breves platôs para recuperar as forças e enfrentar novo desafio até sorrir na Paulista.
Mas, calma, não é o final. Você vai cruzar a avenida que acaba de completar 120 anos e seguir para nova descida, agora cansado depois de mais de 12 km de asfalto. Por isso, recrute os neurônios, comande a musculatura, fique de olho nas armadilhas do asfalto e desça com calma e serenidade: a rampa é menos complicada do que a primeira, mas tem uma queda brusca depois de uma descida suave. E dura menos, cerca de um quilômetro.
Chega o plano, talvez você já esteja até ouvindo a bagunça do pessoal no ponto final, no Ibirapuera. Agora, sim, meu amigo, minha amiga, deixe de lado todas as precauções e vá acelerando, acelerando, acelerando até ver o Obelisco. Quando a chegada estiver à vista, queime o chão, corredor, que a São Silvestre é sua
Divirta-se bastante e, enquanto pensa no percurso, dê uma olhadinha neste vídeo que fizemos para a TV Folha mostrando o trajeto. Além de minhas observações, o programa, que você pode conferir clicando AQUI, traz dicas do ortopedista Henrique Cabrita, que também é maratonista. Ele orienta como proceder para diminuir os riscos na hora da descida.
O vídeo é o primeiro do +Corrida na TV Folha. Aguarde que outros virão por aí.
Escrito por Rodolfo Lucena às 10h21 em 09/12/2011 em seu Blog + corrida
Transcrito de maneira original.
Abraços
Marildo Nascimento

Um comentário:

  1. Depois de ler seu texto, até fiquei com vontade de conhecer esse novo percurso. Polêmicas a parte, corri a prova em 2010 ao lado do meu marido e até hoje lembro da emoção que sentimos.

    Estivemos lá no jantar de massa da Volta da Pampulha, uma pena não termos nos conhecido. Opertunidades não faltarão!

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